terça-feira, 15 de maio de 2018

Museologia: formação do campo no Brasil


Para comemorar a Semana de Museus e para que você aprenda mais sobre o mundo dos museus e da Museologia, teremos post todos os dias! No post de ontem eu já expliquei como vai funcionar, e hoje resolvi trazer como o campo se formou no Brasil. Vale ressaltar, de forma extremamente resumida. 

O nome não era "Museologia", mas sim Curso de Museus, reforçando o caráter específico da formação. A ideia de um curso assim foi inovadora para a época e relaciona-se com a criação do MHN (Museu Histórico Nacional), idealizado pelo cearense Gustavo Barroso (guarde este nome!). Ele era jornalista, escritor e advogado engajado na causa nacionalista e regionalista. Foi inaugurado em 1º de outubro de 1922. Nessa época, as experiências de exposição, conservação e educação ainda estavam iniciando no Brasil.

Foi um momento da história conturbado e intenso, ideologicamente falando; modernismo, Coronelismo... lembrem-se das aulas de história agora.  A Revolução de 30 trouxe incentivo ao museus, sendo uma forma de construção da "identidade nacional". No século XIX isso já havia sido feito pela monarquia, e Getúlio Vargas repetiu a dose. Por conta deste contexto, as políticas de patrimônio estavam sendo incentivadas e Barroso é um exemplo disso: ele publicava vários textos com ênfase no folclore e história militar, além também se envolver nesta área como deputado.


O Curso de Museus foi oficializado em 7 de março de 1932. Foi o primeiro das Américas e é um dos mais antigos do mundo. O objetivo principal era capacitar os profissionais que fossem trabalhar no MHN, principalmente aquele que assumisse como 3º oficial do museu. As matrículas abriram em abril daquele ano, e a primeira turma começou em 4 de maio. Durava 2 anos e inaugurou o ensino da Museologia no Brasil. Conservação, História da Arte, Arqueologia, História do Brasil, Numismática (estudo das moedas) e Sigilografia (estudo dos selos). Aqueles que se formaram na primeira turma encontraram um campo inteiro para ser explorado, com espaço para muita pesquisa museológica.

A ideia era dar uma formação geral, mas em 1944 houve uma Reforma com o objetivo de tornar a grade mais multidisciplinar. As disciplinas Arqueologia no Brasil, Arte Indígena e Arte Popular entraram. Além disso, agora o ingresso se dava por vestibular e a duração aumentou para 3 anos. Apesar de num primeiro momento só terem havido professores homens, muitas mulheres compõem a história da Museologia, inclusive com uma linhagem de diretoras no MHN, só pra exemplificar.

Paralelo a tudo que estava acontecendo, em 1948, dois anos após a criação do Conselho Internacional de Museus – ICOM, é criado o comitê nacional do ICOM no Brasil. Entre os seus fundadores estavam Regina Real e Lygia Martins Costa entre outros profissionais formados pelo Curso de Museus.


Durante os anos de 1960-1970 diversas Reformas e medidas foram fomentadas para que o Curso obtivesse mais caráter universitário. Em 1977, o Curso do MHN passa oficialmente a se chamar “Curso de Museologia”. Enfim, em agosto de 1979 ele é transferido para a Fifierj, Federação das Escolas Federais Isoladas do Rio Janeiro (atual Unirio), que também abrigou vários outros cursos. Therezinha de Moraes Sarmento foi a primeira diretora da Escola de Museologia, criada em 1991.

Bem, depois de tudo isso, amanhã vou contar um pouco sobre o que eu estudo atualmente!  Eu usei como base o artigo de Ivan Coelho de Sá (museólogo, historiador e professor na Unirio), publicado em 2007, nos Anais do Museu Histórico Nacional, que está disponível  biblioteca digital do museu, e a linha do tempo do COREM

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